segunda-feira, 7 de julho de 2008

O amor dos Amigos by Laurinda Alves

Ouvir um amigo dizer o nosso nome parece banal mas faz toda a diferença. A proximidade, a aceitação e a disponibilidade qye revela no momento em que se faz presente resumem o essencial. diz o nome, dizendo que está ali por nós e para nós.




Seria incapaz de viver sem os meus amigos. Sem a consciência de que existem e são como são. Em tempos mais adversos dou comigo a eneunciar mentalmente os seus nomes para me assegurar de que estão presentes e muitos próximos. Falo da proximidade do coração, naturalmente.

Ninguém tem muitos amigos íntimos, Pessoas com quem está com inteira verdade e toda a devoção. Não sou excepção e, por isso mesmo, dou ainda mais valor áqueles que verdadeiramente amo.

Sei hoje quem são os amigos que me acompanham até ao fim e vivo feliz com a ideia de que estaremos sempre presentes e disponíveis uns para os outros. Gosto de estar com eles, divertem-me e divertimo-nos juntos mas, acima de tudo, dão sentido à minha vida. Desdobram, alisam e ampliam a minha existência.

Aos quarenta anos, já é possível perceber quem está connosco e permanece firma, sempre, e quem está apenas ocasionalmente. Uns e Outros são pessoas que ajudam a viver mas, confesso, mais uns do que os outros.

Uns são aqueles que falam verdade, que não se protegem nem escudam, perguntam aquilo que temos necessidade que saibam e respondem aquilo que temos precisamos de ouvir. Põem o dedo nas feridas mas não fazem doer. Curam. São tão amigos e é tã verdadeiro o seu amor que, mesmo distantes ou ausentes, estão sempre connosco.

Os Outros são aqueles que estão quando podem, quando lhes damos jeito ou quando acham graça. São igualmente divertidos e até parecem amigos mas não são. São conhecidos, amigos dos amigos ou simplesmente pessoas queridas. Mas não são amigos. Não se podem ter com eles todas as conversas nem selhes pode falar sempre com o coração nas mãos. Como se o pudéssemos oferecer, como se disséssemos ao outro que lhe entregamos a nossa vida.

Uns e Outros conhecem-se mais pelo silêncio do que por palavras. Só é possível partilhar o silêncio com um amigo verdadeiro. Com os outros é impossível. Tudo se torna pesado e aquilo que não conseguimos dizer transforma-se em equívoco.

Com os amigos não, o silêncio é bom e traz muita paz. Não tropeçamos nas palavras, não nos embaraçam os gestos e o olhar nunca se perde. Vai direito ao essencial. Trespassa-nos porque nos conhece, no melhor e no pior e sabe sempre como somos e sentimos.

Para além do silêncio, das palavras e dos gestos há outras maneiras de saber quem são os amigos verdadeiros. Conhecem-se pela intimidade mas, também, pela liberdade. Por seguirem o seu caminho e nos deixarem seguir o nosso. Estão por nós mas não vivem a vida em vez de nós. Seguram-nos mas não nos prendem. Sabem que precisam de estar livres e dão-nos essa liberdade.

Sei, poruqe sinto, que a amizade é como o amor. Parece diferente mas é quase igual. A vantagem, na verdadeira amizade, é que existe menos posse, menos ciúme e mais liberdade. Por isso gosto tanto do amor dos meus amigos.

Bem mais uma vez faço minhas as palavras de outra pessoa

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